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Ensinar português língua estrangeira: 10 conselhos

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"Ouça um bom conselho/Eu lhe dou de graça…" canta Chico Buarque. E sem ninguém nos pedir, resolvemos deixar aqui algumas opções, que nos parecem acertadas quando se trata de ensinar português língua estrangeira ou língua segunda.

1. Numa aula, se não tem a certeza do que vai dizer, pare a explicação. Assuma que tem a dúvida, esclareça-a em casa e na aula seguinte retoma o assunto. Não é vergonha ter dúvidas e, em situação de aula, em que há sempre alguma tensão, é natural que haja hesitações. Por isso o melhor é mesmo parar, ir estudar e a seguir dar a informação segura e correta. Toda a gente gosta de sinceridade e os nossos alunos de PLE merecem-na.

2. Para cada novo tópico tratado na aula (seja gramática, seja vocabulário, seja pronúncia) apresente um conjunto alargado de exercícios. A aprendizagem de uma língua segunda baseia-se muito na repetição.

3. Se os seus alunos são alunos de iniciação, não exija muitas tarefas de produção. Há uma fase de "incubação" da língua pela qual os alunos têm de passar. Exigir-lhes que falem ou escrevam está muitas vezes para além das suas competências (ainda) e causa uma sensação de impotência.

4. Proponha tarefas que sabe que os alunos têm uma elevada probabilidade de realizar com sucesso; para tal dê-lhes previamente informação completa e estritamente necessária para as tarefas que propõe.

5. Tenha em atenção a adequação do grau de dificuldade dos textos, que dá a ler ou a ouvir, ao nível de proficiência dos alunos. Muitos dos textos para o nível elementar e intermédio têm de ser adaptados. Para a avaliação de dificuldade dos textos autênticos (não modificados/não simplificados) tenha em atenção o tipo de vocabulário (alta ou baixa frequência) e a dimensão e estrutura das frases (verificar se a frase tem ou não mais do que duas estruturas de subordinação, se tem elipses ou inversão atípica da ordem dos constituintes, por exemplo).

6. Incentive os seus alunos a criarem a sua própria lista de vocabulário. Na aquisição de uma língua, o vocabulário tem um papel central. Não é por acaso que quando começamos a aprender uma língua estrangeira compramos um dicionário e não uma gramática.

7. Dê trabalhos para casa regularmente. Ensinar uma língua é guiar o aluno por um percurso de aprendizagem. Esse trilho deve ser pisado pelo aluno de modo continuado e, em parte, autónomo. Metáforas à parte: o ideal é que o aluno tenha contacto com a língua e reflita sobre ela nos dias em que não tem aula. Não se esqueça de corrigir ou comentar sempre os trabalhos de casa na sala de aula.

8. Estabeleça um programa de leitura extensiva: proponha textos infantis, textos adaptados ou originais. Tal como em língua materna, a leitura de textos longos em língua estrangeira é um propulsor fantástico na aquisição de vocabulário e estruturas sintáticas e discursivas próprias do registo escrito.

9. Se lhe for possível, inscreva-se num curso de iniciação de uma qualquer língua estrangeira. O que o ensino de língua tem de excecional é que o professor pode pôr-se - literalmente - na posição de aluno.

10. Se é falante do português europeu, não se esqueça de que há muita probabilidade de os seus alunos terem tido contacto (ou terem tido já aulas) de português do Brasil. Convém ter estudados os principais traços diferenciadores das duas variedades.

24/09/2012

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